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Centro Geográfico

HISTÓRICO CRONOLÓGICO DO DISTRITO DE VÁRZEA DO CALDAS (CENTRO GEOGRÁFICO DA BAHIA)

Centro Geográfico

1855 – A origem daFazenda da Várzea[1], está registrada no Inventário de Partilha Amigável do Arraial do Campestre, o qual compõe Acervo Público Judiciário, disponível no “Arquivo Público de Rio De Contas do ano de 1855”. Conforme inventário, a Fazenda Várzea pertenceu ao português Sr. Joaquim Pereira Caldelas e à Srª Brígida Maria de Souza, que após ficar viúva, juntamente com os herdeiros do primeiro matrimônio do seu falecido marido, fizeram uma partilha amigável dos bens para eles deixados, entre os quais a Fazenda da Várzea por 2 Contos de Reis (2.000 $ 00). De acordo com a partilha, a Fazenda da Várzea foi herdada por José Joaquim Caldas, o que justifica o nome do povoado ser chamado de Várzea do Caldas.

Ainda constam no Inventário: Escravo Luciano, de dezessete anos de idade, avaliado em 460 mil réis; Escravo Matias, com 15 anos de idade; Escravo Teodoro, de 11 anos de idade por 280 mil réis; Escrava Joanna, de 9 anos por 300 mil réis; Escrava Zeferina, de 4 anos por 250 mil réis; Escravo Sabino, com 2 anos por 150 mil réis; Escrava Maria, de trinta e seis anos, avaliada em 100 mil réis; quarenta e três cabeças de gado a 3.500 réis, total de 140.000 mil réis, 1 cavalo velho por 14 mil réis; 3 cavalos a 18 mil réis. Em dinheiro contado, cento e setenta e cinco mil réis, 6 cabeças de gado, por 8 mil réis cada uma; uma morada de casa por 50 mil; um corte de cana, uma roça de mandioca, um taxo de cobre, um fundo de taxo de cobre e ferramentas: foices, enxadas, facão etc.

1877 – A data de construção da  Capela de Santo Antônio, segundo Srª a Maria Amélia  que ouviu de sua mãe  Maria Alves de Souza (em memória), estaria gravada numa das telhas; e durante a última reforma e troca de telhado foi retirada a telha escrita a data 23 de janeiro de 1877.

Fim do Século XIX para meados do século XX – Desprovida de ouro e diamante,  a vocação municipal foi agrícola, com plantações de cultura de subsistência e venda do excedente; e produção comercial, especialmente nas margens do Ribeirão, a partir de Várzea do Caldas, com vastos canaviais, engenhos, alambiques e perobas (armazenamento), entre os quais: o engenho de cachaça do Sr. Basílio (pai de Diva e Renato) e o de rapadura de Zé Alves (pai de Mariazinha); sentido Bebedouro havia os engenhos de Crispim Mariano (Guê), José Joaquim Sá Teles (o qual foi herdado por Seu Branco) e do Sr. Osvaldo Teixeira. Do outro lado do Ribeirão havia o engenho de Fenelon Mariano de Souza (Legue) e o de Joaquim Souza Santos (conhecido por Joaquim Coco e sua esposa Aiazinha). A partir de Seabra, sentido ao Barreirinho, nas margens do Rio Cochó, havia o Engenho de Zé Pedro e o de José Francisco de Sá Teles, que produzia  rapadura e cachaça. Na Fazenda Malhada tinha os engenhos de Zé Padre e Otacílio Mariano Sá Teles (que vendeu o engenho para José Ribeiro e o instalou após a baixa no Bebedouro. A partir do Beco havia o engenho e alambique de Gregorinho, e na comunidade do Saquinho, o de Luiz Claudio. Na Boa Vista da Cananéia, os engenhos e alambiques pertenciam a Virgílio José de Souza, João Ferreira, Anísio, Isaias e Oscar Brandão; no Cochó do Malheiro havia o engenho de Zé Brandão (que permanece em atividade) e na Baraúnas, o Engenho de Rapadura de João Ferreira Vaz.

1915 – Segundo o Prof. Sá Teles, a localização estratégica do município em relação às áreas do Garimpo (Palmeiras e Lençóis), desfrutou economicamente, desde o fim do século XIX à metade do Século XX, da comercialização agrícola e dos derivados da cana de açúcar. Deslocavam-se para Lençóis semanalmente tropas de 10 a 15 burros carregados de cachaça e rapadura, que era toda vendida e consumida, enquanto o centro produtor era abastecido por 2 ou três animais, com vendas a varejo. O município ainda era o principal fornecedor de derivados da mandioca, café e grãos.

1920 – A divisão administrativa e política divide o município em quatro distritos, entre eles Doutor Seabra (Distrito-Sede) Várzea do Caldas, Jatobá (atual Baraúnas) e Parnaíba.

1923 – Após o período de ensino primário por professoras leigas, em 2023 ocorreu a implantação da Escola Estadual Várzea do Caldas, pelo intendente[2] Cônego Pedro Bernardino Pereira.

1927 – O Distrito de Várzea do Caldas recebeu a professora diplomada Margarida Eteldrita de Souza, filha do juiz de direito da comarca Dr. Philemont Cecílio de Souza, que lecionou na comunidade até 1929, quando foi transferida para São José de Aporá (atual São José do Itaporã). Apesar do pouco tempo no distrito, mudou a vida de José Francisco Sá Teles, um de seus alunos mais aplicados; levando-o para concluir seus estudos, posteriormente formando-se em Magistério no Instituto Normal da Bahia – ICEIA e em Pedagogia, pela Faculdade de Filosofia da Universidade Federal da Bahia – UFBA. A partir de então se transformou num erudito com dezenas de cursos nacionais e internacionais, o que lhe proporcionou uma vasta carreira de professor acadêmico ao Ministério da Educação e Cultura e ainda ingressou na carreira política enquanto Superintendente do Ensino Elementar da Secretaria de Educação da Bahia e Deputado Estadual.

1929 – O “Coronel” Horácio de Matos fez a transferência do Cartório para Várzea do Caldas, por ser um território neutro em relação à Guerra do Campestre. No entanto extingue a Comarca de Doutor Seabra, pela Lei estadual nº 1 119, de 21 de agosto de 1915, formada pelos termos do mesmo nome, Bom Jesus do Rio de Contas e Guarani; pela Lei Estadual nº 2225, de 14 de setembro, voltando a pertencer à das Lavras Diamantinas.

1952 – Inauguração do prédio da Escola Municipal Margarida Souza no dia 23 de abril de 1952 e transferência da escola de Várzea do Caldas para o Bebedouro.

1958 – José Francisco Sá Teles, foi eleito Deputado Estadual em 1958 pelo Partido Trabalhista Nacional (PTN) e assumiu o mandato entre 1959 – 1963. Vide Biografia

Década de 80 – Construção da Barragem do Gavião, beneficiando a lavoura e a população de Seabra. O governador João Durval Carneiro inaugurou no dia 23 de janeiro de 1985 a Barragem do Gavião, no Distrito de Várzea do Caldas. A obra, no valor de 1 bilhão e 200 milhões de cruzeiros, com a barragem de 11 metros de altura por 54 metros de comprimento, guarda um volume de água de 800 mil metros cúbicos, perenizou o rio Ribeirão e mudou significativamente a condição social e econômica das comunidades às margens do Ribeirão que nasce em Guiné, Mucugê. As comunidades localizadas acima da Barragem a partir da Várzea do Caldas foram beneficiadas com a disponibilidade de água represada, aumentando as plantações, produção de alimentos e comercialização; enquanto as comunidades abaixo da Barragem passaram a conviver com a escassez hídrica, sendo potencializada pelas barragens e poços do agronegócio, em Mucugê.

Escola poço artesiano

2024 – Conforme RELATÓRIO TÉCNICO CIENTÍFICO DE DEFINIÇÃO DO CENTRO GEODÉSICO DO ESTADO DA BAHIA emitido  por Elmo Leonardo Xavier Tanajura, Engenheiro Agrimensor (UFRRJ), Mestre em Ciências Geodésicas (UFPR) e Doutor em Geociências (UFPE), CREA-PR 170636615-9 / 35906-BA, em janeiro de 2024 “A Localização Geográfica do Centro Geodésico da Bahia, de acordo com a metodologia, resultou num ponto, projetado na superfície continental, situado no Território de Identidade da Chapada Diamantina, Município de Seabra, nas imediações do Distrito Várzea do Caldas”,  povoado de Vaca Seca.

2025 – O município de Seabra e seus distritos terão CEP’s exclusivos, segundo anúncio da Empresa de Correios, a partir de 28 de fevereiro de 2025. O CEP (Código de Endereçamento Postal) é um conjunto numérico constituído de oito algarismos, que orienta e acelera o encaminhamento, o tratamento e a distribuição de objetos de correspondência, por meio da sua atribuição a localidades, ficando a Várzea do Caldas com o CEP 49919-000

Está em curso na Política Pública Municipal e Estadual, a busca de investimento para construção do Monumento ao Centro Geográfico da Bahia.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

Acervo Diagnóstico Turístico de Seabra/Sirlene Rosa de Souza – Prefeitura Municipal de Seabra (2017 a 2021 e 2025)


[1] Terreno de extensão mais ou menos considerável, de aspecto plano; Planície cultivada, de grande fertilidade. 3 Terreno baixo e plano, sem ser alagadiço, que margeia rios e ribeirões.

[2] prefeito nomeado pelo governo estadual



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