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Centro Histórico

 HISTÓRICO CRONOLÓGICO DO CAMPESTRE (ARRAIAL DE RIO DE CONTAS)  

1 – Centro Histórico

1000 a 1200 DC – O município dispõe de um Sítio Arqueológico no Bairro de Caixa D’Água, cujos artefatos (objetos líticos e cerâmicos), tem características de grupos indígenas pré-coloniais denominada Tradição Tupi-guarani que chegaram à costa da Bahia por volta de 300 a 500 anos antes dos portugueses. IPHAN (2015).

1710 -1725 – O Vice Rei e Capitão General do Brasil, Vasco Fernandes Cesar de Meneses (Conde de Sabugosa), sob o comando da Coroa Portuguesa, representada pelo Rei D. João V, constrói um caminho ligando Jacobina ao Rio de Contas para controle do ouro e tributos, o qual foi denominado de Estrada Real . Surge assim o Arrail[1] de Nossa Senhora da Conceição do Campestre. AHU_ACL_CU_005, Cx 20, D.1832

1731 –  Em cumprimento à Portaria Real de 11 de janeiro de 1731, Pedro Barbosa Leal foi incumbido pelo Conde de Sabugosa a mapear e sondar os minérios entre Jacobina e Rio de Contas, conforme registro no 14º trecho: “Da Cahiçara ao Campestre há duas legôas e um quarto, e é este depois de passar uma ponte que atravessa o rio mais meia legoa adiante em um claro, com o Rio Coxo a direita bem a beira do caminho da Conceição para a de quarto em quarto de legoa até a Cahiçara se passam Riachos e da Cahiçara até esta paragem se passa o Coxo já duas vezes. Aqui se pode discançar que é conveniente.” Neves e Miguel[2] 2007

1847 – O Arrail do Campestre prosperou e conforme relatos em pouco mais de um século, a antiga e centenária capela, deu lugar à imponente Igreja de Nossa Senhora da Conceição do Campestre, a qual foi  inaugurada numa Missão . Na mesma ocasião o antigo Arraial foi elevado a Freguesia[3] de Nossa Senhora da Conceição do Campestre pela Lei Provincial de 15 de março de 1847.

1863 – A Lei Provincial 899 de 15 de maio de 1863, demarca e confirma os limites do Campestre da Villa de Nossa Senhora do Livramento de Rio de Contas  e a eleva a Freguesia de Nossa Senhora da Conceição do Campestre

1865 – Chegada do Padre João Gomes Barata, primeiro Pároco definitivo ao Campestre.

1968 – Pela Resolução Provincial nº 1.014 de 1868, a Freguesia de  Nossa Senhora da Conceição do Campestre foi transferida para o município de Lençóis

1871 a 1872 – Conforme Livro de Registro de Batismo da Igreja Matriz da Freguesia de Nossa Senhora da Conceição do Campestre, constam 14 registros de batismo de filhos de escravos. A população do Campestre era composta de pessoas livres e escravizadas, entre as quais existia a população livre composta por 4367 homens e 2825 mulheres; e entre os escravizados 275 homens e 100 Mulheres. Censo IBGE 1872

1889 – Antes da Proclamação da República, por intermédio do Coronel Heliodoro de Paula Ribeiro foi instituída a  Lei Provincial de número 2652 de 14 de maio de 1889, que promoveu a Emancipação Política de Campestre, com a elevação da Freguesia de Nossa Senhora da Conceição do Campestre à Vila Agrícola de Campestre, com o território desmembrado de Lençóis, IBGE (1958).

1991 – Pelo Decreto Estadual nº 491 de 22 de junho de 1891 assinado pelo então governador José Gonçalves da Silva, a Freguesia de Nossa Senhora da Conceição do Campestre foi elevada à condição de cidade com a denominação de Campestre.

1914 – Início da Guerra dos Coronéis no Campestre, que ficou conhecida como a Guerra do Barulho, entre os jagunços “Bocas Vermelhas ou Mosquistos”, liderados pelo Cel. Manoel Fabrício de Oliveira e “Mandiocas”, ligados ao Cel. Horácio de Matos. O Combate teve como pano de fundo a luta por poder, já que a centenária Campestre dispunha de autonomia política, social e administrativa estável; porém a historiografia aponta para o assassinato do transgressor Vitor Matos, irmão do Cel.Horácio; quando supostamente o Coronel Manoel Fabrício abrigou os criminosos na Vila do Campestre. Após tentativas do Cel. Horácio em busca de justiça no Judiciário Estadual, e diante da omissão deste, juntou seus jagunços e fez duas investidas para vingar a honra da família Matos: Na primeira tentativa, recuaram após perder um dos 30 homens que caiu numa emboscada e foi morto pelos experientes jagunços do Cel. Fabrício. Na segunda tentativa, o Cel Horácio assumiu o comando e com um grupo maior cercaram a cidade do Campestre, com luta travada e tiroteio dia e noite, que não cederam nem com a chegada da força policial estadual de 200 homens, vencidos por seus jagunços entrincheirados, sendo necessário a intervenção do Governador José Joaquim Seabra que determinou um armistício[4]. Queiroz (2021).

1915 – Sem cumprimento do acordo, Campestre é novamente sitiada e atacada por centenas de homens do Cel. Horácio de Matos, entre outros desafetos do Cel. Manoel Fabrício, os quais foram surpreendidos com um forte de dois andares ao fundo da Igreja, que era utilizado para dominar a cidade. Além da Igreja, que foi usada como fortaleza, na frente do arruado os jagunços do Cel. Manoel Fabrício respondiam aos ataques com tiroteios constantes. Ainda fez parte da estratégia da defesa o arrombamento das paredes geminadas do casario colonial e valas subterrâneas de uma rua para outra, a igreja e o riacho Campestre, por onde circulavam aproximadamente 500 homens. Após 6 meses, com saldo negativo e dezenas de jagunços mortos e feridos de ambos os lados, além da fome que assolou Campestre, o Cel. Manoel Fabrício é vencido pela estratégia da inanição, sendo obrigado a celebrar acordo com o Cel. Horácio de Matos, que suspendeu o ataque por 24 horas para retirada definitiva de sua família do Campestre. Queiroz (2021).

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

Acervo Diagnóstico Turístico de Seabra/Sirlene Rosa de Souza – Prefeitura Municipal de Seabra (2017 a 2021 e 2025)

PLACA 1

INCLUIR O BRASÃO

SÍNTESE HISTÓRICA DO CAMPESTRE (ARRAIAL DE RIO DE CONTAS) 

O Arrail de Campestre, surgiu no século XVIII, enquanto primeiro núcleo populacional do município de Seabra entre 1710 a 1725 em decorrência da abertura Estrada Real, sendo elevada após aproximadamente um século à Freguesia de Campestre da Villa de Nossa Senhora do Livramento de Rio de Contas.

No século XIX), durante o Ciclo do Diamante, ocorreu a expansão econômica e territorial de Lençóis, sendo a  Freguesia de  Nossa Senhora da Conceição do Campestre transferida para o município de Lençóis.

Após duas décadas, durante a República Velha,  aconteceu a Emancipação Política de Campestre instituída pelo Cel Heliodoro de Paula Ribeiro.

E por fim no início do Século XX, três tentativas de guerras no Campestre, sendo as duas primeiras vencidas pelo  Coronel local  Manoel Fabrício e a última pelo Coronel regional  Horácio de Matos, destituiu o poder local, expulsando o Cel Manoel Fabrício

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

Acervo Diagnóstico Turístico de Seabra/Sirlene Rosa de Souza – Prefeitura Municipal de Seabra (2017 a 2021 e 2025)


[1] Nos territórios coloniais, como o Brasil, arraial adquiriu um significado um pouco diverso referindo-se aos pousos e roças feitas pelos bandeirantes ao longo de suas trilhas e em função de certas atividades extrativas como a mineração. Alguns dos pousos existentes transformaram-se em pontos de encontro de agricultores e comerciantes, ensejando o surgimento de povoados, também chamados arraiais. Subordinados ao poder administrativo das vilas ou cidades, os arraiais, em muitos casos, nasciam a partir de uma capela em torno da qual as pessoas se reuniam para rezar e realizar festas em louvor aos santos e padroeiros. Fonte: https://historialuso.an.gov.br/

[2] NEVES, Erivaldo Fagundes e MIGUEL, Antonieta. Caminhos do Sertão – Ocupação Territorial, Sistema Viário e Intercâmbios Coloniais do Serão da Bahia: Arcádia, 2007

[3] No Brasil colonial, uma freguesia era uma divisão administrativa religiosa que indicava a presença de um núcleo de povoamento organizado. 

[4] acordo que suspende temporariamente as hostilidades entre os lados envolvidos numa luta, disputa ou guerra; trégua, indúcias.



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