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BIOGRAFIA DE JOSÉ FRANCISCO SÁ TELES

José Francisco Sá Teles nasceu em 1915, no povoado de Várzea do Caldas, município de Seabra, Bahia, filho de Maria da Graça de Sá Teles e José Joaquim de Sá Teles (in memoriam). Cresceu em meio a uma grande família de dezesseis irmãos e, ao longo da vida, construiu um legado de dedicação à educação e ao serviço público. Casou-se com D. Ruth Ana Albergaria Barreto, com quem teve nove filhos e uma vida marcada pela generosidade, pelo amor ao saber e pelo compromisso com o bem comum. Faleceu aos 95 anos, deixando um exemplo admirável de vida.

Desde cedo seus pais, mesmo com poucos recursos, demonstraram grande apreço pela educação e o incentivaram a estudar. Aos seis anos, iniciou sua trajetória escolar, seguindo os passos dos irmãos mais velhos, especialmente de sua irmã Dejanira. As primeiras lembranças da escola ficaram gravadas em sua memória, como o episódio da palmatória, que mais tarde relataria em seu livro Agendas de uma vida: Minha história para meus netos.

Com notável empenho nos estudos, destacou-se entre os colegas e, por influência do Sr. Augusto Sales, foi encaminhado à Escola Pública de Dr. Seabra, onde estudou com o professor Ângelo Costa. Seu desempenho lhe conferiu respeito e liderança entre os alunos. Em 1927, retornou ao distrito com a chegada da professora diplomada Margarida Eteldrita de Souza, com quem aprofundou sua formação e encontrou novos horizontes. Com a transferência da professora para outra cidade, sua família atendeu ao convite para que ele continuasse os estudos sob sua orientação. Assim, aos 14 anos, partiu para a capital, onde enfrentou desafios com coragem e perseverança, superando doenças e saudades para seguir sua vocação.

Em 1931 ingressou na Escola Normal do Caquende, onde se destacou como fundador e presidente do Grêmio de Ciências, Letras e Artes. Apaixonado pela leitura e pela escrita, tornou-se frequentador assíduo da Biblioteca Pública da Praça Municipal, onde mergulhava nos clássicos da literatura brasileira e escrevia seus primeiros versos. Formou-se em Magistério em 1936 no Instituto Normal da Bahia – ICEIA, numa turma majoritariamente feminina.

Iniciou sua carreira docente em 1937, no Arraial do Largo de Mundo Novo, e passou por diversas localidades, sempre inovando nas práticas pedagógicas e encantando os alunos com dramatizações, hinos, esportes e escotismo. Mais tarde, ingressou no serviço público como Inspetor Escolar e Oficial de Gabinete da Secretaria de Educação do Estado da Bahia, conquistando o respeito de educadores como o secretário Dr. Isaias Alves.

Graduou-se em Pedagogia pela Faculdade de Filosofia da Universidade Federal da Bahia (UFBA), em Salvador, no ano de 1950, consolidando sua formação superior em uma das mais renomadas instituições de ensino do país.

Buscando constante aprimoramento, realizou diversos cursos de especialização nos Estados Unidos em 1969, incluindo:

Especialista em Livros Didáticos, pela Faculdade de Educação da University of South Florida, em Tampa, Flórida;

Auxílios Audiovisuais em Educação, pela School of Education da Indiana University, em Bloomington, Indiana;

Materiais Instrucionais, pelo Departamento de Educação, em Washington, D.C.

No Brasil, concluiu também:

 – Curso de Desenvolvimento Organizacional (DESENVALE, 1984);

– Curso Especial de Português e Técnica Redacional (1985).

Ao longo de sua extensa e notável trajetória, o Professor José Francisco Sá Teles dedicou-se à educação pública, à formação de professores e à administração educacional em níveis estadual e federal. Seu trabalho abrangeu desde salas de aula rurais até cargos de liderança no Ministério da Educação. Dentre outras atuações importantes, destacam-se:

  1. Professor e formador de professores – Lecionou Didática Geral e Administração Educacional em instituições como o Instituto Normal da Bahia, a UFBA e a UCSAL, contribuindo significativamente para a formação do magistério baiano.
  2. Inspetor e Superintendente do Ensino Elementar da Bahia – Atuou como inspetor de ensino (1940-1963) e foi Superintendente do Ensino Elementar do Estado da Bahia (1955-1958), liderando importantes reformas e ações para valorização dos professores.
  3. Assessor técnico do Ministério da Educação e Cultura (MEC) – Exerceu funções de coordenação, supervisão e assessoria pedagógica em diversos estados do Brasil, incluindo projetos de formação docente e políticas educacionais estruturantes (1970-1973).
  4. Gestor em instituições públicas e fundações – Foi diretor executivo e presidente da Fundação do Serviço Social do Distrito Federal (1974-1977), chefe de gabinete do Governo do DF e presidente da Comissão de Preservação do Acervo Histórico de Pedra do Cavalo.
  5. Liderança em entidades educacionais e culturais – Membro fundador da APLB e da ANPAE, integrou a Academia Baiana de Educação, o IGHB e atuou como presidente e secretário do Rotary Club de Salvador.

Além disso, foi promotor de inúmeros encontros educacionais, coordenador de programas de aperfeiçoamento do magistério e defensor incansável da valorização docente. Seu legado permanece vivo na educação baiana e brasileira.

Condecorações

Pelo seu trabalho notável, recebeu importantes reconhecimentos: – Diploma e Medalha da Ordem Nacional do Mérito Educativo – Grau de Cavaleiro, concedidos pelo Ministério da Educação (1994); – Medalha do Mérito Barão de Macaúbas, concedida pela Secretaria de Educação do Estado da Bahia (1994).

Obras Relevantes

Foi autor de obras fundamentais para o campo da educação e da pedagogia no Brasil. Entre suas publicações mais relevantes, destacam-se: – Supervisão e Administração Escolar (1968); – A Educação no Meio Rural (1990); – Pedagogia Familiar – Os Pais na Educação dos Filhos (1993); – Introdução à Pedagogia Rural (1964); – Organização do Ensino Municipal (1971); – Princípios de Administração (1975); – Subsídio à História da Pedagogia e da Educação na Bahia (1989); – A Escola Rural e seus Problemas Básicos (1955); – Estrutura e Funcionamento do Ensino de 1º Grau (1974); – Supervisão Pedagógica no Ensino Municipal (1978).

No campo literário e memorialista, publicou: – Cânticos de Amor à Natureza (1987); – Amor e Solidariedade (1995); – Várzea do Caldas e seu Passado (1989); – Relembranças (1994); – As Razões do Coração (1998); – Notícia Histórica de Seabra (sem data especificada).

Também escreveu artigos sobre didática e prática de ensino para veículos como o jornal A Tarde (Salvador), a Revista do Professor (São Paulo) e a Revista do Ensino (Rio Grande do Sul).

Movido por sua própria história, jamais esqueceu o quanto o incentivo que recebeu na infância foi decisivo em sua vida. Por isso, fez de sua casa em Salvador um verdadeiro abrigo para os que também desejavam estudar. Com o apoio generoso de sua esposa, D. Ruth Ana — mulher acolhedora, solidária e dedicada —, muitos parentes e amigos encontraram ali um ponto de apoio seguro para seguir os estudos na capital.

Foi ele quem incentivou sua prima Maria da Gloria de Sá Teles e também sua irmã, Berenice Sá Teles a cursar o magistério em Salvador, tornando-se uma das primeiras professoras formadas de Seabra. Outros jovens da família também foram acolhidos por ele e sua esposa: Maria Valneide Ribeiro, Maria Nilda Sá Teles, Rita Castro e tantos outros que, graças a esse gesto solidário, conquistaram uma formação que talvez não fosse possível em sua terra natal naquele tempo.

Com sua casa sempre aberta, D. Ruth partilhava o pão, o cuidado e a atenção com todos, enquanto os que ali moravam também contribuíam com os afazeres do lar e criavam laços fraternos. Foi uma verdadeira corrente de ajuda mútua, inspirada pela generosidade de quem, um dia, também foi ajudado. E assim, o Professor Sá Teles não apenas retribuiu o que recebeu, mas ampliou os caminhos da educação para muitos, fazendo da sua própria história um degrau para a ascensão de outros.

Ao longo de sua carreira, atuou em diversas frentes educacionais, lecionando em cursos técnicos, colaborando com campanhas nacionais e ampliando seu trabalho em outros estados. Em 1955, iniciou sua trajetória política como Superintendente do Ensino Elementar da Secretaria da Educação e, mais tarde, foi eleito Deputado Estadual, onde defendeu pautas voltadas à valorização do magistério e ao fortalecimento do ensino público. Participou da elaboração de políticas estruturantes, como a Lei 1002/58, que reestruturou o magistério primário da Bahia.

Em Brasília, entre 1971 e 1983, assumiu importantes funções no Ministério da Educação e Cultura e contribuiu com reformas educacionais em diversos estados. Foi também sócio fundador da APLB – Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado da Bahia – e da ANPAE – Associação Nacional de Política e Administração da Educação, além de membro ativo do Rotary Club.

José Francisco Sá Teles foi, acima de tudo, um semeador da educação. Ajudado um dia, tornou-se aquele que ajudava. E sua história continua viva em cada vida que tocou, em cada aluno que inspirou e em cada degrau que ajudou a construir.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

Síntese do Livro: Sá Teles, José Francisco de, AGENDAS DE UMA VIDA – Minha história para meus netos. Charbel Gráfica e Editora LTDA, 2003 -Brasília/DF.

Por Sirlene Rosa de Souza, Mª Auxiliadora de Sá teles, Berenice Sá Teles e Ana Margarida Sá Teles.

Acervo Parcial do Diagnóstico Turístico de Seabra – Divisão de Turismo (2025) – Autoria: Sirlene Rosa de Souza.



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